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O aquecimento global e as mudanças causadas por ele ampliam as chances de que as mulheres sejam alvo de mais episódios de violência, sobretudo aquelas que vivem em sociedades agrárias.

A conclusão é da Unesco, que vem chamando a atenção para os efeitos das mudanças climáticas e recursos escassos na intensificação da violência contra mulheres e meninas:
 
“A mudança climática é um multiplicador de ameaças – pode agravar a migração e o deslocamento de populações, assim como contribuir para problemas nas colheitas ou inundações, aumentando assim a pressão nos lares e nos meios de subsistência. Estudos mostram que as mulheres são responsáveis por 65% da produção alimentar doméstica na Ásia, por 75% na África Subsaariana e por 45% na América Latina. Com frequência, são os papéis tradicionais das mulheres que as colocam em maiores riscos derivados da mudança climática – elas se tornam vulneráveis à violência ao terem de andar dezenas de quilômetros todos os dias para garantir comida, água e lenha, ou após terem sido deslocadas ou empobrecidas por desastres. A perda dos meios de subsistência e a pobreza também podem aumentar a violência doméstica por causa de pressões econômicas, e devido a práticas persistentes de mutilação genital feminina e casamento infantil”, declarou Irina Bokova, diretora-geral da UNESCO, por ocasião do Dia Internacional da Eliminação da Violência contra a Mulher, no dia 25 de novembro de 2016.
 
Pesquisas mostram que, quando um país ou uma região enfrenta um desastre natural, o enfrentamento à violência contra as mulheres torna-se menos prioritário e os mecanismos para protegê-las se enfraquecem. Em 2005, no Mississippi (sul dos Estados Unidos), observou-se um aumento de 45% no número de casos de agressão sexual durante o período de sete meses após o furacão Katrina. Houve também um aumento de 300% na violência doméstica depois que dois ciclones tropicais atingiram a província de Tafea, em Vanuatu (Oceania), em 2011. Na Nova Zelândia, durante o fim de semana do terremoto de Canterbury, em 2011, houve um aumento de 53% na violência doméstica. 
 
O Fundo ELAS tem a promoção de um meio ambiente justo e sustentável como uma de suas áreas de investimento e vem participando de encontros e debates sobre gênero e clima, como o Fórum de Inovação da Aliança Global sobre Gênero e Clima, que aconteceu em Marrakesh, no Marrocos, em novembro de 2016. Entendemos que  participação plena de meninas e mulheres – e sua liderança – é fundamental para responder adequadamente aos efeitos negativos do aquecimento global.
 
"O desejo do Fundo ELAS de participar do Fórum se deve ao interesse da instituição em mobilizar recursos para apoiar organizações de mulheres no campo da equidade de gênero e mudança climática. O Fundo ELAS tem uma parceria com o Fundo Socioambiental CASA, com outros fundos de mulheres da América do Sul e com o CFEMEA precisamente para investir nesta área", diz Amalia Fischer, coordenadora geral do Fundo ELAS.
 
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