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por | nov 29, 2023 | Editais | 0 Comentários

The year 2023 was marked by many advances in the field of indigenous rights - and also by many challenges and mobilization of women-led movements, resisting the threats of setbacks. To analyse this scenario and talk about expectations for the coming year, we invited Puyr Tembé, activist, organizer of the March of Indigenous Women and State Secretary for Indigenous Peoples of Pará..

Puyr Tembé is one of the protagonists of the documentary "Somos Guardiões" (We are Guardians), released in October 2023.

ELAS+: Como você avalia o ano de 2023 para a população indígena? 

PUYR TEMBÉ: Foi um ano bem significante, onde os povos indígenas tiveram uma conquista histórica no Brasil, que é o Ministério dos Povos Indígenas. Houve também a retomada da demarcação dos territórios, a retomada das pautas dos direitos sociais dos povos indígenas. Temos pessoas de povos indígenas ocupando espaços estratégicos, as incidências que a gente também tem, como a Marcha das Mulheres Indígenas, e as relações que a gente constrói e busca fortalecer com as entidades que nos apoiam, como o ELAS+. Mas, também tem a pauta do enfrentamento ao marco temporal, essa luta, essa resistência. Então, vejo que teve seus ganhos, está tendo as suas conquistas, mas ainda está tendo muita resistência. 

 

ELAS+: Em outubro deste ano tivemos o lançamento do documentário “Somos Guardiões”, que traz você como uma das protagonistas. O filme retrata a sua luta cotidiana, e a de outros ativistas ambientais, pela preservação das florestas no Brasil. Qual a importância de uma obra como essa?

PUYR TEMBÉ: Eu sou muito orgulhosa de participar desse documentário que retrata um processo de luta dos povos indígenas. É um filme que contextualiza o cenário político, que traz a pauta ambiental, que traz esse desafio social, que envolve empresas, que envolve povos indígenas. Mas, que envolve fazendeiros também, madeireiros. E esse é o nosso maior desafio. E a gente aparecer no documentário com a conquista de mulheres indígenas sendo eleitas, como a eleição da Sônia Guajajara [atual ministra dos Povos Indígenas] como deputada federal, isso não tem palavras!

 

ELAS+: Quais as expectativas e prioridades para 2024, em relação ao avanço de direitos das mulheres indígenas?

PUYR TEMBÉ: Eu acho que as expectativas para 2024 cada vez mais crescem porque temos o Ministério de Povos Indígenas, que é comandado por uma mulher [Sônia Guajajara]. Temos uma mulher também na FUNAI [Joenia Wapichana], temos a Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreira da Ancestralidade, a ANMIGA, fazendo esse trabalho que vem fazendo. A nossa expectativa é que essas instâncias que são ocupadas por mulheres indígenas sejam fortalecidas e cada vez mais a gente possa garantir os nossos direitos, o combate à violência contra os nossos corpos e territórios. A nossa prioridade é fazer com que essas conquistas de direitos sociais das mulheres indígenas cheguem.