Helena Theodoro resgata o passado para a luta no presente.
“Resistência”.
Esse é o enredo da Acadêmicos do Salgueiro para o Carnaval deste ano, assinado pela filósofa e presidenta do Conselho Deliberativo do ELAS+, Helena Theodoro. Resistência também poderia ser um adjetivo usado para descrever essa mulher que, ao longo dos 79 anos de vida, levanta a bandeira da valorização da população negra e assumiu a linha de frente da luta contra o racismo no Brasil. Na retomada dos desfiles na Sapucaí após o período crítico da pandemia de covid-19, ela está levando para a avenida o que promete ser um verdadeiro resgate das origens das escolas de samba.
Junto com o Salgueiro, Helena Theodoro decidiu cantar a “Resistência” como reação a todos os casos de violência racial registrados nos últimos anos, tanto no Brasil quanto os de repercussão internacional, como o assassinato de George Floyd no Estados Unidos em 2020. No entendimento da filósofa, é preciso lembrar os brasileiros que as escolas de samba têm origem na resistência dos africanos escravizados, uma forma de celebrar a própria crença diante de toda a opressão e apagamento cultural que sofreram. “A imagem criada pela sociedade brasileira é de que o negro é sempre bandido, marginal, ladrão. É preciso desconstruir isso. As escolas de samba representam uma reconstrução da maneira de ser e de pensar da comunidade preta no Brasil. As escolas de samba são uma forma de reterritorialização da África”.
Relembrar essas origens é valorizar as heranças africanas e enfrentar o racismo. Helena Theodoro também acredita na filantropia como outra maneira de se engajar na luta antirracista. Ela lembra que os dados levantados pela pesquisa “Ativismo e Pandemia no Brasil”, publicada pelo ELAS+ no ano passado, apontam as mulheres negras como maioria (73%) na liderança de organizações e grupos que coordenam projetos de apoio e reagiram prontamente às demandas geradas pela pandemia.
Pesquisadora da cultura negra, ela ressalta que o trabalho de filantropia por justiça social no Brasil começou com os grupos de irmandades religiosas pretas, que compravam pessoas escravizadas para dar a elas a alforria, por exemplo. Também criavam colégios para acolher crianças de mulheres que estavam em cativeiro. Nesse sentido, ela exalta o ELAS+ pela continuidade desse trabalho, por meio do edital Aliança Negra – que está nos últimos dias para inscrição – e vai destinar 5 milhões e meio de reais para fortalecer organizações que atuam no enfrentamento ao racismo no Brasil. Ela considera fundamental o apoio a esses projetos. “Esse tipo de luta e de resistência são necessárias para a identidade do povo preto”.
Primeira mulher negra a concluir um doutorado no país, Helena Theodoro também sabe a importância de fazer resistência no espaço acadêmico. Abordou em sua tese, em 1985, a cultura do candomblé como filosofia. Agora, 37 anos depois, viu nascer e teve papel fundamental na criação de um Núcleo de Filosofias Ancestrais no Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Dentro das universidades vem forçando portas e barreiras, questionando a abordagem eurocêntrica, que segue dominante nas sa