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Entre 2003 e 2013, a taxa de homicídios de mulheres negras no Brasil aumentou 19,5%, enquanto a taxa de homicídios contra mulheres brancas caiu 11,9%. Em um ano, morreram assassinadas 66,7% mais mulheres negras do que brancas no Brasil. Essas são algumas das conclusões do Mapa da Violência 2015 – Homicídios de Mulheres, produzido pela Flacso (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais) com apoio da ONU Mulheres Brasil, da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) e da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM) do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos.

Divulgado no dia 9/11, o estudo mostra ainda em 2013 a média de assassinatos de mulheres negras por dia foi de 7,8. No geral, a taxa de homicídios cometidos contra mulheres no Brasil cresceu 8,8% no mesmo período.
 
“Na última década, a negra assumiu um lugar muito determinado como sujeito político, dando magnitude à luta contra o racismo. Elas começaram a aparecer bonitas, elegantes, protagonistas da própria vida, podendo estar exatamente onde quiserem. Isso incomoda”, afirmou a secretária especial da Secretaria de Políticas para as Mulheres Eleonora Menicucci ao jornal O Estado de S.Paulo) durante o lançamento do documento. 
 
Mulheres negras em marcha contra o feminicídio e a violência doméstica
 
A Marcha das Mulheres Negras, mobilização que reunirá mulheres de todo o país no dia 18/11, em Brasília, tem o fim da violência contra mulheres negras como uma de suas principais demandas. As mulheres negras estão em marcha pelo fim do feminicídio de mulheres negras e pela investigação de todos os casos de violência doméstica e assassinatos de mulheres negras, com a penalização dos culpados.
 
Lúcia Xavier, conselheira do Fundo ELAS e coordenadora da Criola, acredita que a violência contra a mulher negra tem diversas causas que precisam ser conhecidas e combatidas: “O que estamos querendo dizer com a Marcha é que esse racismo tem provocado muitos danos à população negra e especialmente às mulheres negras, que são afetadas por profundas desigualdades socioeconômicas. Parte dessa violência se explica pelas representações das mulheres negras geralmente reproduzidas até hoje, como objetos de consumo, mulheres lascivas, sexualizadas – essa é a representação dominante da mulher negra em nossa cultura. A violência tem a ver também com políticas ineficazes para a população negra. Tudo isso transforma a vida da mulher negra em um profundo processo de insegurança. Nossa mobilização é por mais segurança, por uma vida mais digna para as mulheres negras, que são as mais violentadas em nossa sociedade”, diz Lúcia.
 
Ainda segundo o Mapa da Violência 2015, o Brasil piorou no ranking