Festival folclórico de Parintins volta depois de dois anos e homenageia presidenta do Conselho do ELAS+
Helena Theodoro receberá honras do Boi Garantido e participa da Jornada de Folkcomunicação na Amazônia.
Após dois anos de festas interrompidas pela pandemia, o Festival de Parintins retorna ao Bumbodrómo e volta a aquecer a região amazônica. A última edição da festa do Boi foi realizada em 2019 e, tradicionalmente, atrai cerca de 60 mil pessoas para ver a disputa entre Caprichoso e Garantido. Reconhecidos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como Patrimônio Cultural do Brasil, os bumbás são heranças de tradições africanas e indígenas, e representam a preservação dessas culturas.
Presidenta do Conselho Deliberativo do ELAS+, a professora Helena Theodoro será homenageada pelo Boi Garantido. Doutora em Filosofia e especialista em Educação, ela sempre utilizou os elementos folclóricos e das manifestações populares em sala de aula, e defende que as histórias sejam incorporadas nos currículos das escolas. “Para mim é uma honra e a realização de um sonho eu assistir o Boi. Eu sempre tive muita vontade de ir”, conta a filósofa que aos 79 anos vai participar do festival pela primeira vez.
A festa do Boi surgiu de um mito africano e foi ganhando contornos regionais de acordo com a cultura do lugar em que era realizada. “A história do Boi de Parintins chega com um negro que vem do Maranhão. Mas, a gente tem o Boi no Brasil inteiro. As histórias contadas representam as comunidades de cada território. No de Parintins, o contexto é a comunidade indígena, os quilombos que existiam na região, e emancipação”, explica a professora.
Helena Theodoro ressalta ainda como a mitologia em torno do Boi representa a resistência da comunidade negra no Brasil. “Todas as manifestações culturais no Brasil são resistência da cultura africana – Boi Bumbá, folia de Reis, congada… O que as manifestações populares fazem o tempo inteiro é mostrar que a vida da comunidade negra não começa quando chegam escravizados no Brasil. A África tem 10 mil anos de História. Existe toda uma visão política, toda uma religiosidade, todo uma filosofia”.
Cultura e Comunicação
A presidenta do Conselho do ELAS+ também vai fazer parte da III Jornada de Folkcomunicação na Amazônia, compondo a mesa que discute “Carnaval e Boi Bumbá”. O evento faz parte do 5º Encontro de Comunicação de Parintins e ocorre na mesma semana do festival. A jornada reúne intelectuais para pensar a relação entre a comunicação e a cultura, especialmente da região amazônica.
Helena Theodoro celebra a oportunidade de debater, em um evento com repercussão internacional, a importância das culturas negra e indígenas na construção social do país. “É algo muito rico. É a preservação das culturas negras e das manifestações dos povos indígenas. É recuperação da nossa fala, recuperação da nossa resistência”, finaliza a filósofa.
O Festival de Parintins acontece entre os dias 24 e 26 de junho.