Intercâmbio Aliança Negra e uma incursão transformadora nos EUA
Delegação do programa Aliança Negra em reunião no Departamento de Estado dos EUA, em Washington,DC
No primeiro semestre deste ano, o programa Aliança Negra Pelo Fim da Violência, composto por 16 organizações dos movimentos negros e de mulheres negras do Brasil, realizou uma iniciativa inédita: um intercâmbio de 15 dias nos Estados Unidos, reafirmando nosso compromisso com a democracia, na luta por uma vida livre de opressões e violência racial.
Durante a primeira semana, em Nova Iorque, a delegação de ativistas participou intensamente de uma série de atividades, fortalecendo laços com organizações como a Ford Foundation e a ONU Mulheres. Promovemos ainda um evento aberto no The People’s Forum, com apoio do Comitê Defend Democracy in Brazil, onde as lideranças puderem interagir e trocar experiências com ativistas do movimento negro estadunidense. A parte cultural também foi contemplada. Com o apoio do Kilomba Collective, primeiro coletivo formado por mulheres negras brasileiras nos EUA, a delegação fez um passeio pelas avenidas e bairros que são simbólicos para a comunidade negra local.
Na segunda semana, em Washington, DC, realizamos uma série de encontros nos mais altos escalões políticos. Reuniões no Departamento de Relações Exteriores do Congresso Americano, na Organização dos Estados Americanos (OEA), na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e no Escritório Especial dos EUA para Promoção dos Direitos Humanos da Pessoa LGBTQI+. O ponto alto foi a entrega do dossiê “Uma Aliança pelo Bem Viver – pelo direito universal de respirar e o fim da violência racial contra a população negra“. O documento, elaborado pelas organizações do Aliança Negra, contextualiza a violência racial no Brasil e propõe medidas para combatê-la.
Destaque também para a participação ativa no Fórum Permanente de Afrodescendentes da ONU, onde a delegação discutiu os desafios enfrentados pela população negra globalmente.
Ao fortalecer laços com organizações internacionais e participar ativamente em fóruns globais, o intercâmbio Aliança Negra proporcionou o compartilhamento de experiências e desafios, além de inspirar ações coordenadas para combater injustiças sistêmicas. Entre os desdobramentos dessa iniciativa, as organizações do programa decidiram trabalhar conjuntamente por uma incidência política no Sistema Interamericano de Direitos Humanos. Essa colaboração amplifica vozes historicamente marginalizadas e sinaliza a necessidade urgente de uma solidariedade global para enfrentar questões que ultrapassam fronteiras.
Em 2024, o ELAS+ vai realizar a segunda parte do intercâmbio, recebendo as ativistas dos Estados Unidos aqui no Brasil.