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Desde sua primeira edição, em 1991, a campanha 16 dias de ativismo teve adesão de cerca de 160 países. Mundialmente, a campanha se inicia em 25 de novembro, Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher, e vai até 10 de dezembro, o Dia Internacional dos Direitos Humanos, passando pelo 1º de dezembro, Dia de Luta contra a AIDS, e pelo 6 de dezembro, que é o Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres.

No Brasil, entretanto, os 16 dias se ampliaram para 21 dias de ativismo: para chamar atenção para as opressões vividas por mulheres negras, que sofrem pelo machismo e pelo racismo, as atividades começam antes, no dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra.
 
A blogueira e ativista Larissa Santiago, das Blogueiras Negras, um dos grupos apoiados pelo Fundo ELAS, comenta a importância de discutir a questão racial e a especificidade da violência contra as mulheres negras no âmbito da campanha:
 
“A campanha dos 16 dias de ativismo [21 dias de ativismo] é importante porque traz à luz para a sociedade as verdades sobre a violência contra a mulher: a naturalização da violência, o ódio às mulheres (misoginia) e a brutalidade que é o feminicídio. Como a gente já sabe, nós mulheres negras estamos mais vulneráveis nesse processo. O recorte racial é mais do que necessário: se somos mais da metade da população, como fechar os olhos para nós?"
 
"O genocídio da população negra passa por esse debate também: não são só os jovens negros que estão morrendo, as mulheres negras morrem todos os dias assassinadas por ex-companheiros, executadas pela polícia e por outros zilhões de motivos que tem uma raiz comum – a intersecção racismo e machismo. O movimento feminista, o movimento de mulheres e toda a sociedade precisam discutir soluções, saídas para essa epidemia que é sim o feminicídio e a violência contra a mulher”, explica Larissa.
 
O Mapa da Violência 2015 mostra que, enquanto houve uma redução de 10% nos assassinatos de mulheres brancas no Brasil entre 2003 e 2013, o número de homicídios das mulheres negras assassinadas aumentou 54% no mesmo período. As vítimas de crimes violentos são mulheres jovens, a maioria entre 18 e 30 anos, negras e pobres. 
 
Para saber mais sobre a profunda relação entre violência contra a mulher e racismo, acesse o Dossiê Violência contra a Mulher, resultado de uma ampla pesquisa que o Instituto Patrícia Galvão desenvolveu com apoio do Fundo ELAS. 
 
Confira e participe da campanha #GritePorElas, que as Blogueiras Negras criaram nesses 21 dias de ativismo para falar de como a violência afeta as mulheres negras: http://blogueirasnegras.org/2016/11/22/16-dias-de-ativismo-griteporelas/