Amalia Fischer, coordenadora geral do Fundo ELAS, esteve I Encontro Feminista Latino-americano e do Caribe, realizado de 18 a 20 de julho de 1981 em Bogotá, na Colômbia. Na ocasião, 250 feministas de toda a América Latina escolheram o 25 de novembro como o Dia Internacional pelo Fim da Violência contra a Mulher.
No depoimento abaixo, a ativista e cofundadora do Fundo ELAS conta como foi a experiência que deu origem à campanha global dos 16 dias de ativismo (que no Brasil se ampliaram para 21 dias de ativismo) e colocou a violência contra a mulher em pauta internacionalmente:
“O 25 de novembro foi uma data escolhida por 250 feministas em 18 de julho de 1981, que foi o I Encontro Feminista Latino-americano e do Caribe, onde estávamos feministas de toda a América Latina. Eu estava representando o Centro de Apoio para as Mulheres que Sofreram Violência, CAMVAC, do México, que foi um dos meus primeiros envolvimentos com o movimento feminista e o primeiro centro da América Latina dedicado a dar apoio legal e psicológico a essas mulheres.
Muitas das demandas que hoje estão sendo enfrentadas ao redor do mundo, que são temas de políticas públicas, etc., saem exatamente desse momento, um momento em que 250 feministas colocaram no centro da discussão o fim da violência contra as mulheres. Ali, buscamos mostrar que a violência contra as mulheres só acabaria se tirássemos a violência do âmbito do privado e mostrássemos que ela é um problema social.
Posteriormente, a ONU, através de uma luta das feministas dentro da ONU, reconheceu que o dia 25 de novembro seria o Dia Internacional de não violência contra as mulheres. Fizemos advocacy na ONU para que o fim da violência contra as mulheres fosse inserido nos acordos internacionais, reconhecendo que a segurança das mulheres e meninas é um direito humano.
A partir disso, especialmente desse encontro em 1981, feministas de diferentes países – e isso em um momento em que não existia a internet, nada que facilitasse que nos comunicássemos – fizemos ações contra a violência e começamos a aprofundar a conceitualização e a análise sobre a violência contra as mulheres, que vai desde o assédio sexual ao estupro e a violência domestica.
É importante reconhecer que essa é uma data e uma luta que as feministas começaram há quase 40 anos. Se hoje existem leis que protegem as mulheres e muitas análises e pesquisas sobre o fenômeno da violência e as situações tão terríveis que as mulheres vivem, até chegar no feminicídio, é porque as feministas colocaram a discussão no centro da mesa.
É importante também reconhecer que esse dia foi escolhido porque o ditador da República Dominicana nos anos 1960 encarcerou e estuprou as irmãs Mirabal, e elas foram assassinadas unicamente por serem mulheres e por se posicionarem politicamente contra o autoritarismo do ditador dominicano. Foi um feminicídio, um crime de ódio contra as mulheres. É fundamental que pensemos que a violência contra as mulheres não se reduz à violência doméstica, ela inclui violência doméstica, mas vai bem além.
Nesses momentos em que existe tanto ódio contra as mulheres, tanto ódio contra as feministas, é importante que todas as pessoa