[povos indígenas, defesa do território, denúncias de falsas soluções, proteção de florestas]
Coletivo de Mulheres Indígenas Kuiã Atã, Ilhéus, Bahia, Brasil.
O grupo Kuiã Atã se localiza em uma das áreas mais protegidas da Mata Atlântica, bioma mais devastado do Brasil, e onde vive a maior parte da população nacional. O bioma já perdeu quase 90% de sua cobertura original e sofre com a pressão do crescimento urbano e de atividades extrativas. Também é um bioma crucial para a segurança hídrica e alimentar da população. No entanto, o grupo sofre forte pressão de latifundiários, que buscam tomar a terra para a produção de cacau e outras monoculturas.
Kuîã Atã significa “Mulheres Fortes” e dá nome ao Grupo de Mulheres Indígenas Tupinambá do Acuípe de Baixo. O território se localiza próximo da região onde iniciou a invasão portuguesa às Américas no século XVI, e sobrevive desde então sob constantes ataques de não-indígenas. Criado em 2019, o grupo tem o objetivo de promover a organização e a incidência política das mulheres no enfrentamento às violências territoriais e de gênero.
Na década de 1970, projetos de desenvolvimento aumentaram os assédios na região, espalhando a monocultura de cacau e resultando em migrações forçadas de famílias inteiras, casos de violência e mortes. A organização das mulheres reafirma as lutas históricas do povo e atua na defesa do território ancestral, buscando justiça ambiental, climática e de gênero a partir da afirmação, da visibilidade da história Tupinambá e da autonomia das mulheres.
A Kuîã Atã está articulada com outros grupos de mulheres indígenas no Brasil, e tem levado a reivindicação para outras escalas de discussão, estando presente em Fóruns e Redes internacionais. São mulheres agricultoras e artesãs cujo bem viver se relaciona com práticas de cuidados comunitários e interdependentes com a Mata Atlântica.