[Proteção a defensoras, denúncia de falsas soluções, impactos de mega projetos, mulheres negras, mulheres trans]
Liderança do Coletivo LesBiTrans, Altamira, Pará, Brasil.
O coletivo LesBiTrans está localizado em Altamira, que se situa às margens do rio Xingu, em meio à Amazônia brasileira. Durante a ditadura militar, parte considerável das terras públicas foram griladas por latifundiários, que trouxeram grandes quantidades de homens do nordeste brasileiro e os colocaram em conflito com a população indígena e ribeirinha que vivia no local, dando início a um longo ciclo de violência e fazendo da região a mais violenta do Brasil.
Em meio a esse contexto conflituoso, em 2016 foi construída uma Usina Hidrelétrica na região, chamada Belo Monte - a maior hidrelétrica completamente brasileira. A construção de Belo Monte trouxe ainda mais contingentes de homens para a região, homens esses desconectados de suas comunidades e famílias, gerando grande aumento da violência de gênero. A cidade de Altamira ainda não contava com nenhuma organização da sociedade civil para a defesa da população trans, que se viu completamente desamparada diante do aumento da violência e a conivência, tanto da empresa que geria Belo Monte, como das autoridades públicas.
O Coletivo Amazônico LesBiTrans, criado em 2018, é a primeira organização da sociedade civil a atuar exclusivamente na pauta de justiça climática e pessoas LGBTQIA+ na cidade de Altamira (PA). Desde a sua fundação, o Coletivo LesbiTrans denuncia Belo Monte, uma hidrelétrica que produz mais gases de efeito estufa do que economiza, e que causou o deslocamento forçado de cerca de 20 mil pessoas.
A construção de conjuntos habitacionais para essas pessoas em áreas degradadas, com solos inadequados e sem formações florestais, fragmentou os territórios e intensificou a vulnerabilidade climática. Assim, o Coletivo LesBiTrans atua para a proteção das mulheres LBTQIA+, principalmente as travestis negras das comunidades do rio e da floresta, moradoras dos conjuntos habitacionais inapropriados construídos para abrigar as populações removidas.
O acesso à água tem sido uma das reivindicações do Coletivo LesBiTrans na região, diante da contaminação das águas e do solo, bem como a defesa da terra, dos rios e das ilhas. O combate às violências de gênero e à LGBTfobia, a justiça socioambiental e o enfrentamento direto às pressões vindas de latifundiários, garimpeiros, mineradoras e hidrelétricas instaladas na região também são pautas centrais do LesBiTrans.
Para a defesa do bem estar, da saúde mental e física das mulheres com quem trabalham, o coletivo está contribuindo para a construção de um “Parque Ecológico pelo Bem Viver”, além de conseguirem incidir diretamente com o governo local para a construção de redes de saneamento em um bairro cuja a população, até o momento, não dispunha desse serviço essencial.